" A Relação entre a Rússia e a Ucrânia - Passado e Presente"
“A guerra da Ucrânia está a ser dura e pode durar!” O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, não esperava uma resistência tão forte e coordenada por parte das tropas ucranianas. Considerava que as tropas russas tomariam a capital da Ucrânia, Kiev, numa semana. A lógica de Putin ruiu, tal como a cidade mártir ucraniana Mariupol. Agora, ucranianos e o mundo em geral podem esperar tudo do presidente russo.
É o que pensa Evgueni Mouravich, correspondente da RTP, em Moscovo, que esteve a dar uma conferência, a convite da Escola Profissional D. Francisco Gomes de Avelar da SCMF, no Salão Nobre da Santa Casa da Misericórdia, em Faro, na passada terça-feira, dia 29 de março. Com a humildade que o caracteriza, o notável jornalista foi recebido de forma apoteótica pelo Diretor da Escola Profissional e Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Faro, José Ricardo Candeias Neto por outros membros, dos órgãos sociais da SCMF (Mesa Administrativa, Assembleia Geral e Conselho Fiscal) e da direção da Escola Profissional, colaboradores da SCMF, convidados, professores, funcionários e alunos da referida Escola. Fez-se um minuto de silêncio, num apelo à paz, recebeu-se Mouravich como um herói, como o único jornalista russo-português, a residir em Moscovo, e que tem assegurado a cobertura jornalística idónea e independente para Portugal, arriscando-se a sofrer represálias, pelo seu trabalho. Nesta curta estadia, no Algarve, para pôr a família a salvo, esta plateia, ávida de informações ouviu-o com a máxima atenção. Começou por dizer que Moscovo é uma cidade de onde está a fugir a classe média, para a cidade de Istambul, na Turquia. Acontece com todos quantos estão contra Putin, que não fazem parte da função pública, que eram frequentadores das redes sociais, de órgãos de informação estrangeiros ou privados e independentes do status quo russo. A maioria dos russos não conhecem a dura realidade. Só têm acesso aos meios de comunicação estatais, completamente controlados pela oligarquia de Putin. Segundo a retórica “politicamente correta” a palavra “guerra” está proibida, o que a Rússia está a fazer é “uma operação especial de manutenção de paz, na Ucrânia”, de “desnazificação”, onde “o exército russo não tem baixas”, antes “provocando inúmeras baixas ao inimigo” e “salvando os civis ucranianos”. Em Moscovo, ainda não se sentem falhas de abastecimento nos supermercados – com exceção do açúcar, devido a açambarcamento – mas, alguns produtos, rapidamente podem começar a faltar. E, talvez, nessa altura, conjuntamente, com faltas de pagamento de ordenados e/ou pensões, os russos comecem a pôr em causa Vladimir Putin. O que irá fazer, quanto tempo poderá durar este conflito? Que consequências terá para Portugal e para a Europa? Para o jornalista que há mais de trinta anos nos conta a realidade russa,“nenhuma análise jornalística é fiável, a lógica de Putin deixou de ter lógica. Um calculista, como Putin, não gosta de ser ameaçado pelo próprio calculismo. Um ditador nunca pode dar mostras de fraqueza. E, no Kremlin é completamente impensável! Pode-se esperar tudo de Vladimir Putin.” Na Europa, a inflação sobe como os misseis de Putin. Ninguém faz apostas onde e quando vai descer e parar. Em Portugal, os preços podem aumentar entre 25 e 30 por cento. Para quem acha que a guerra está lá longe...é só ir às compras ou pôr gasóleo ou gasolina. Na abertura da conferência, as alunas do 3º ano do curso profissional de Técnico de Ação Educativa agraciaram Evgueni Mouravich com uma canção portuguesa, Portas do Sol, de Nena, tal como a professora de Expressão Musical, Andrea Timor que, para finalizar, a todos impressionou com a sua belíssima voz, interpretando “Andorinhas”,canção de Ana Moura. Mouravich ficou tão surpreendido e agradecido que também fez questão de pedir a guitarra e brindar os presentes com uma canção ucraniana, em honra da sua avó, natural daquele país independente da Federação Russa, desde 1991. O jornalista, russo-luso, saiu como entrou: ovacionado por todos os presentes. Antes de abandonar o local, o Senhor Provedor da Santa Casa da Misericórdia fez questão de agraciar o correspondente da RTP com um alfinete de gravata, banhado a ouro, com a imagem da padroeira da Santa Casa da Misericórdia de Faro.
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